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SALTBURN - A ENCANTADORA SUBVERSIVIDADE DO ENTRETENIMENTO DESPRETENSIOSO

Atualizado: 16 de jan. de 2024




Sem qualquer tipo de dúvida, temos o filme mais polêmico de toda a temporada. Você pode amá-lo ou odiá-lo, mas a garantia de que esse será um dos assuntos na sua roda de amigos, cinéfilos ou não, é um fato. Saltburn é um intruso entra sem pedir licença, desestrutura toda a sua casa e você ainda agradece por toda a bagunça.


Emerald Fennell, cineasta que assina a direção e o roteiro já havia se mostrado lindamente maluca quando em 2020 nos trouxe o longa Bela Vingança, protagonizado por Carey Mulligan (O Grande Gatsby, Orgulho e Preconceito, Shame), ganhando Oscar de Melhor Roteiro da temporada, desta vez Fennel reafirma sua assinatura, tanto estética quanto de perturbação mesmo (rs), por trazer tantas bizarrices que funcionam na tela como um clássico do cinema.

Saltburn eleva todas suas cenas a máxima potência a ponto de se tornar surreal, toda a história é bem absurda e você embarca nisso sem muitos questionamentos, isso traz a grande graça de toda a obra, é tudo exagerado, tudo muito subversivo, kafkiano a começar com o protagonista, uma “Bixa Trambiqueira” que vai de contramão a praticamente tudo que já vimos como fenótipos LGBT já trazidos para as telonas. (Estamos cansados de ver gay sofrendo no cinema).


São infinitas as referências cinematográficas como: O talentoso Ripley (1955), de Patricia Highsmith, Romeu + Julieta (1996), de Baz Luhrmann, Nosferatu (1922), de F. W. Murnau e tantos outros clássicos, o longa esbanja arte pop acertando em cheio na ambientação de meados de 2000. Usa lindamente as cores como termômetro da sanidade emocional dos personagens em certas cenas, como no “parabéns pra você” com o protagonista ou o almoço com cortinas fechadas logo após uma grande tragédia, essas e outras são trazidas todas num vermelho perturbador (Explendido).


Assim como em Bela Vingança, seu primeiro filme de grande repercussão, o roteiro de Saltburn começa num lugar bem despretensioso, a princípio Oliver, interpretado por Barry Keoghan (Batman, Dunkirk, Os Banshees de Inisherin), um cara pobre que entra para a Universidade de Oxford onde estudam apenas milionários e se depara com o popular e riquíssimo, óbvio, Felix, vivido pelo promissor, Jacob Elordi (que entra nos holofotes do mainstream pelo papel de Nate na série Euphoria e este ano esbanja profissionalismo em Priscilla onde vive Elvis Presley), a premissa nada inédita não promete muita coisa e isso mesmo que faz o filme ser tão assertivo já que escalona de forma zero sutil trazendo cenas bizarramente belas, cheias de erotismo e subtexto gay. (Uma pena não conseguir falar muito delas sem dar spoiler).


Se o filme leva alguma estatueta do Oscar? Acho um pouco difícil, temos como seu grande concorrente como Melhor Roteiro Anatomia de Uma Queda, de Justine Triet, ainda não lançado no Brasil, mas que coleciona mais de 15 prêmios pelos festivais e mostras em que passou.


Saltburn se apresenta como puro entretenimento, sem compromisso com a verdade ou sem maiores criticas sociais e mesmo assim entrega uma excelente trama que vai te deixar boquiaberto, além da sua estética impecável mente perturbadora cheia de opulência. Esse é um filme para se assistir mais de uma vez (se você tiver estômago rs), muita coisa acontece na tela que acaba passando despercebido como os presságios das desgraças que irão acontecer, toda tragédia é anunciada cenas antes, basta prestar muita atenção aos detalhes isso faz com que o filme siga sendo discutido em mesas de bares e redes sociais, a cada dia uma nova teoria é levantada sobre essa obra tão chocante e enigmática.

 
 
 

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