ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES – IMPACTANTE, ICONOCLASTA E NECESSÁRIO
- Victor Rangel
- 19 de jan. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de abr. de 2024

Quando falamos de Martin Scorsese (O Lobo de Wall Street, Os Bons Companheiros, Taxi Driver...), temos em mente suas obras gigantescas, tanto pela produção caríssima quando pela minutagem dos filmes em si, Assassinos da Lua das Flores, distribuído aqui no Brasil pela Paramount, não foge a regra, um longa opulente e arrebatador.
Numa adaptação do livro histórico homônimo escrito por David Grann, tem como roteirista o icônico Eric Roth (Forrest Gump - O Contador de Histórias, O Informante, O Curioso Caso de Benjamin Button), além do próprio Scorsese. O Longa conta a trágica história da chacina do povo originário norte-americano chamado Osage após descobrirem verdadeiros rios de petróleo em sua reserva na década de 20. A premissa já é assustadora, revoltante e se torna ainda mais impactante nas mãos do cineasta que brilha com sua fotografia e elenco impecável.

Vale muito entender o quanto novas narrativas podem nos elevar enquanto sociedade inclusiva, aprendendo com as terríveis escolhas do passado para que elas não se repitam. Vale também pela desmistificação dos povos indígenas e a sensação de uma sociedade reclusa ou não organizada que insistimos em manter em nosso imaginário social. Assassinos da Lua das Flores vem junto com a revolução do audiovisual, que apesar de estar em passos lentos, busca cada vez mais trazer histórias não-brancas para as telonas. É muito bacana ver um elenco enorme de atrizes e atores indígenas, algo que nunca vemos.

O filme, tanto na estética quanto nos diálogos, tem referências claras aos filmes de bang bang muito famosos nos anos 50 e 70. Assim ele começa com uma história deliciosa do enriquecimento do povo Osage após descobrirem o óleo mineral, numa cena majestosa onde se banham numa chuva de petróleo entoando cânticos e dançando de alegria. Logo temos uma sequência belíssima de cenas que mostram aquele povo prosperando, consumindo carros, tendo funcionários, comprando lotes de terras, ficando literalmente milionários, termos a imagem de povos indígenas em um lugar de poder é algo iconoclasta, inovador para o cinema. Precisamos perceber o peso que essas imagens trazem. Mas logo tudo vira um grande drama impiedoso quando os homens brancos iniciam uma série de assassinatos pela reivindicação das terras, para além da ambição pelo dinheiro, pela não conformidade da prosperidade financeira dos povos indígenas que começam a construir verdadeiros impérios. Quando falo sobre ser impiedoso, tenho também que falar sobre as cenas extremamente gráficas dos assassinatos, elas nos colocam num lugar bem difícil como expectadores.

Temos um elenco que entrega muito nas atuações, todos eles: Leonardo DiCaprio, Robert De Niro, Brendan Fraser além da protagonista, a fabulosa Lily Gladstone, primeira mulher indígena a ganhar o Globo de Ouro de melhor atriz de drama com o papel de Mollie Burkhart neste filme. Será que teremos um Oscar para ela? Não me surpreenderia, o papel que ela desempenha é simplesmente brilhante, surpreendente de verdade.
Assassinos da Lua das Flores, apesar de suas quase 3h30 de duração, tem uma narrativa fluida e cheia de acontecimentos, a fotografia é arrebatadora e as cenas que retratam a cultura indígena norte-americana são realmente emocionantes e necessárias.
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