O BBB, A CULTURA POPULAR E O ELITISMO INTELECTUAL
- Victor Rangel
- 10 de jan. de 2024
- 2 min de leitura

Assim que inicia qualquer programa de TV ou estréia algum filme que tem um maior alcance popular logo se iniciam também alguns discursos bem problemáticos quanto à dita “alienação cultural” ou até mesmo o julgamento do que se é considerado “cultura”.
Mais latente do que de costume, esta semana na estréia da sua 24ª Edição do Big Brother Brasil, foi aberta a discussão na internet após um tweet a respeito da dinâmica que definiria quais os últimos participantes entrariam no programa, a postagem dizia exatamente essas palavras “falou que favelado: já ganhou”, pouco mais de 10 minutos depois, após a decisão dos novos participantes (todos com vivências periféricas ou fora dos ditos padrões de beleza), essa mesma pessoa posta: “o ódio que o povo tem das padrão credo”, por incrível que possa parecer, a autora destas frases tão vis é uma ex participante do mesmo reality.
Longe de uma analise à fetichização da pobreza ou de minorias, o que de fato tem presença garantida neste reality em específico, ou até mesmo o reforço do famigerado “Pão e Circo”, proponho aqui discutir sobre:
O que é cultura?
Quem define o que é e o que não é cultura?
Qual seria o propósito por trás dessa repulsa a cultura e o entretenimento cultural?
Na suma literalidade, temos a seguinte definição do que é cultura: “Conjunto das estruturas sociais, religiosas etc., das manifestações intelectuais, artísticas etc., que caracteriza uma sociedade, diferenciando-a de outras: a cultura inca; a cultura helenística.”
Repare que o discurso sobre “não gostar de BBB”, vem em sua maioria, recheado de repulsa e não só da vontade de se expressar por não se sentir cativado pelo formato do programa. Essa mesma repulsa vem de forma ainda mais forte quando falamos do que é criado nas periferias: Funk, RAP, Grafite, as Batalhas de Rima ou o Slam (Movimento poético e político criado nos EUA dos anos 80 e que vem se propagando no Brasil desde 2008, por intermédio da artista Roberta Estrela D’Alva).
Precisamos então colocar uma lente de aumento sobre quem de fato valida o que é ou não “cultura” pois isso é praticado como forma de impor uma espécie de hierarquia moral que categoriza, distingue e mantém o apartamento social, político e econômico da classe trabalhadora, em especial a periferia.
A classe dominante: Que é constituída por homens brancos, heterossexuais e que detém o capital, traz o discurso de ódio as culturas populares como forma de manutenção para manter-se no poder, garantindo também que minorias fiquem longe deste lugar de altivez social, afinal “quem escuta funk e assiste BBB não pode ter um intelecto tão apurado assim a ponto de ser um dito: Detentor da Opinião”.
Este texto não tem intenção alguma de forçar pessoas a gostarem de Big Brother, ou de Funk por exemplo, mas de trazer a oportunidade de uma autocrítica sobre o porque essa repulsa ao dito popular.
Será que não estamos apenas repetindo comportamentos e discursos classistas para nos sentir pertencentes à classe dominante ou a um lugar de elite cultural?
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