- Victor Rangel
- 19 de jun. de 2024
- 3 min de leitura

Hoje é um dia especial para celebrar a magia do cinema nacional, e não poderia estar mais empolgado em compartilhar minha paixão por essa arte que transforma vidas e narra histórias tão ricas e diversas.
Além de um refúgio, para mim o cinema e uma fonte inesgotável de inspiração. Crescendo na periferia de São Paulo, a arte foi a minha janela para o mundo. Era nas telas que eu encontrava as respostas para muitas das minhas inquietações e descobria a vastidão da experiência humana. O cinema nacional, em especial, sempre teve um lugar cativo no meu coração, pois é através dele que vejo refletidas as nossas cores, os nossos sons e as nossas histórias.
O cinema periférico tem um poder transformador incomparável. Ele capta a essência das comunidades, revelando suas lutas, sonhos e resiliência. Filmes como "Cidade de Deus" e "Bacurau" não só colocam a periferia no centro das atenções, mas também demonstram a força e a riqueza cultural que emergem desses espaços. Esses filmes são faróis de resistência, mostrando que a periferia é fonte inesgotável de talento e criatividade.

Ao longo da minha jornada como produtor e coordenador de eventos no mercado audiovisual, tive o privilégio de contribuir para o lançamento de muitos filmes que carregam a essência do Brasil. Cada projeto me ensinou algo novo, me conectou com talentos incríveis e reafirmou a importância de dar voz a narrativas que muitas vezes são silenciadas. Narrativas LGBTQIAPN+, periféricas,nordestinas, pretas ou produções encabeçadas por mulheres são fundamentais para construir um cinema que realmente represente a diversidade do nosso país.
Ser roteirista me permitiu mergulhar ainda mais fundo nesse universo. A escrita é a minha principal ferramenta de expressão, e é através dela que procuro dar vida a personagens e histórias que ressoem com a realidade de tantos brasileiros. O cinema nacional tem uma capacidade única de capturar as nuances da nossa cultura e de promover reflexões profundas sobre quem somos e para onde queremos ir.
Nossas conquistas em indicações ao Oscar também são motivo de orgulho. Filmes como "Central do Brasil" e "O Pagador de Promessas" não apenas mostraram a qualidade do nosso cinema, mas também colocaram o Brasil no mapa mundial da cinematografia. Essas indicações são um reconhecimento do talento e da dedicação de todos os profissionais que se empenham para contar histórias genuinamente brasileiras.

Ao longo das décadas de 1950, 60 e 70, o cinema brasileiro passou por uma transformação significativa com o movimento do Cinema Novo. Este movimento, liderado por nomes como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Carlos Diegues, buscou retratar a realidade social e política do Brasil através de uma lente crítica e inovadora. Filmes como "Deus e o Diabo na Terra do Sol" e "Vidas Secas" são exemplos marcantes desse período, capturando a essência das lutas e resistências do povo brasileiro.
Além das obras mencionadas, o movimento de retomada do cinema nacional também trouxe à tona questões sociais urgentes e promoveu uma reflexão profunda sobre a identidade brasileira. Filmes como "O Que É Isso, Companheiro?" (1997), dirigido por Bruno Barreto, abordaram temas políticos e históricos importantes, como a resistência armada contra a ditadura militar, despertando debates e ampliando a consciência pública. Ao mesmo tempo, produções como “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles, não só conquistaram prêmios internacionais, incluindo uma indicação ao Oscar, mas também emocionaram o público ao retratar as conexões humanas profundas no meio.
Esses filmes não apenas consolidaram a confiança do cinema brasileiro no exterior, mas também inspiraram uma nova geração de cineastas a explorar novas perspectivas e a contar histórias autênticas que refletiram a diversidade cultural e social do Brasil. A importância desse período não reside apenas na recuperação da indústria cinematográfica nacional, mas também na sua capacidade contínua de desafiar convenções, ampliar horizontes e amplificar vozes antes marginalizadas, consolidando o cinema brasileiro como uma força vibrante e essencial no para o cinema mundial.

Hoje, ao olhar para trás, vejo o quanto percorremos e o quanto ainda temos a conquistar. O cinema nacional é resistência, é celebração da diversidade e é um poderoso agente de transformação social. Filmes como "Bacurau", "Que Horas Ela Volta?", "Marighella" e "Marte Um" são exemplos brilhantes de como nossas produções podem ser ao mesmo tempo universais e profundamente enraizadas na nossa realidade.
Neste Dia do Cinema Nacional, convido todos a celebrarem e apoiarem essa indústria que tanto nos orgulha. Vamos continuar contando nossas histórias, inspirando novas gerações e mostrando ao mundo a riqueza da nossa cultura.
A todos os profissionais do audiovisual, meu reconhecimento e gratidão. Que possamos continuar unidos, enfrentando desafios e celebrando nossas conquistas. E que o cinema nacional continue a brilhar, levando nossas histórias cada vez mais longe.
