- Victor Rangel
- 17 de jan. de 2024
- 2 min de leitura

Dois anos atrás, achei super curioso quando anunciaram a cineasta Greta Gerwig, (Adoráveis Mulheres e Lady Bird: A Hora de Voar) como diretora e co-roterista do filme Barbie. Como ela conseguiria manter uma coerência com seus trabalhos anteriores, trabalhos que falam sobre mulheridade de uma forma tão especial, com Barbie, o longa metragem com o apelo mais pop dos últimos anos? Além, é claro, das polêmicas que envolveram a boneca nesses quase 65 anos de vida.
Assim que terminei de assistir Barbie tive a sensação de que a escolha da direção foi perfeita, caiu como uma luva para o roteiro escrito por Noah Baumbach, em conjunto com a própria Greta Gerwig.
O filme acerta em cheio na estética monocromática, em sua grande parte tudo ali é real, indo na contramão dos filmes atuais que esbanjam CGI (o clássico fundo verde), tudo isso em milhares tons de rosa e com muitas cenas de transição com soluções feitas em 2D que deixam o filme ainda mais charmoso além de trazer um ar bem lúdico a jornada da personagem principal.
A riqueza de detalhes vai desde os tamanhos e proporções dos objetos em cena até o movimento dos personagens que em momento nenhum esquecem que se tratam de bonecos de plástico. Os figurinos super coloridos e cheio de referência as bonecas já lançadas são um show a parte, parece realmente que estamos num guarda-roupas gigante de bonecas.
Barbie é um filme com abordagens potentes sobre temas como: o feminismo e o patriarcado, tratado de forma leve, divertida, mas dando o recado de forma pedagógica. A trama brinca com um mundo onde os bonecos Ken são vistos quase como enfeites, sua função é “ganhar o dia chamando a atenção das Barbies”, disputam entre si a atenção das Barbies. Isso soa familiar, não?
Sabiamente, Barbie brinca também com seus próprios pontos fracos, chama a personagem principal, interpretada por Margot Robbie de “Barbie Estereotipada”, já que ela é a única em Barbielândia que não tem uma profissão, todas as demais tem papeis definidos em seu mundo. Falando em pontos fracos, existem menções sobre edições polêmicas de bonecos que saíram de linha, como o “Ken Sugar Daddy” ou cachorro da Barbie que faz cocô e obviamente muita piada com a versão Grávida da boneca mais famosa do mundo (curiosamente interpretada pela Emerald Fennell, diretora do polêmico longa Saltburn)
A sequência de cenas finais é bem emocionante, traz nostalgia e uma mensagem de esperança, ressignifica a relação entre mãe e filha., tudo de forma inteligente, impactando diferentes gerações.
Apesar das quase 2 horas de duração, filme acaba no seu auge, traz uma última piada que não poderia ser mais engraçada. Deixa saudades já na hora em que os créditos começam a subir.
Vejo o filme Barbie como um clássico instantâneo, um filme repleto de referências cinematográficas e que abraça gerações diferentes, de formas diferentes, assim como a própria boneca da Mattel, que encanta diversas gerações há anos.